A Igreja Imaculada Conceição, dos Frades Capuchinhos, na Av. Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo – SP, iniciou a comemoração pelos seus 110 anos de inauguração. Uma exposição foi montada na entrada da igreja mostrando como a cidade de São Paulo se transformou neste período ao mesmo tempo em que a igreja foi constantemente modificada, por dentro e por fora. É a primeira vez em 20 anos que os frades exibem o acervo de fotografias e textos de seu arquivo.
Importância desta igreja para a cidade
A movimentada Av. Brigadeiro Luís Antônio pouco se parece com o cenário que os Capuchinhos encontraram quando compraram o terreno em 1901. A importância desse templo para a cidade de São Paulo é muito grande: podemos pensar na influência que a igreja teve para o desenvolvimento arquitetônico e de loteamento da área. A presença de uma igreja de tamanha dimensão foi fundamental para o crescimento da região, com importantes lugares, como a Av. Paulista.
Nestes 110 anos, a igreja mudou muito: finalizada em 1911, ao lado do grandioso convento que os frades haviam construído (onde hoje localiza-se um hipermercado), já teve uma torre sineira na parte de trás. Essas transformações ocorreram ao mesmo tempo em que a cidade se transformava ao redor, tendo suas ruas asfaltadas e as casas construídas e depois demolidas para dar lugar aos prédios.
Exposição retrata tais transformações
“Dentre as fotos que estamos expondo estão imagens do nosso arquivo que mostram a igreja original, na cor branca. Quando pintada pelos irmãos Pedro e Uderico Gentili, os frades foram criticados, pois algumas pessoas acreditavam que a simplicidade franciscana havia se perdido com a decoração da igreja. Conta-se ainda que Paulo Setúbal, importante jornalista da época, lançou uma nota no Estadão lamentando profundamente a transformação”, explica Frei Pedro Cesar, coordenador da comissão de comunicação dos frades. Ao final do circuito percorrido pelo espectador na exposição, no lado externo, os visitantes são convidados a entrar no prédio, guiados por um áudio que explica detalhes da igreja, como um remanescente do piso original em ladrilho hidráulico em um dos altares laterais.
Curiosidades
♦ A igreja foi pintada pelo avô e tio avô do apresentador do The Noite, no SBT, Danilo Gentili, no início da década de 30;
♦ Onde hoje encontra-se o hipermercado Extra (antigo Jumbo) havia um grandioso convento erguido pelos frades alguns anos antes da construção da igreja em estilo Trentino;
♦ O altar atual foi trazido da antiga Sé de São Paulo;
♦ Havia uma grandiosa pintura no teto que foi demolida. As fotos originais deste antigo teto encontram-se na exposição.
♦ A exposição foi lançada no dia 21 de agosto, em comemoração pelos 110 anos da igreja, e deve permanecer até 29 de setembro de 2021.
NO LARGO SÃO FRANCISCO ATÉ 1909
Enquanto a Ordem Terceira da Penitência, no Largo São Francisco, foi dirigida pelos religiosos, como conta Frei Basílio Röwer, no livro “Páginas de história franciscana no Brasil”, conservou-se nela mais ou menos o espírito da instituição: “Depois decaiu como todas as suas congêneres. Desde 1828, não havendo mais religiosos no Convento, a direção esteve confiada a sacerdotes seculares, como comissários, com patente do Provincial. De novembro de 1897 a fevereiro de 1909 estiveram hospedados nas dependências da Ordem os revmos. Padres Capuchinhos, que muito fizeram para restaurar a observância da Regra e piedade”.
O superior na missão, Frei Camilo de Valda, com um grupo de frades, continuou formando a fraternidade no Largo São Francisco até 13 fevereiro de 1909, quando, então, todos se transferiram para o novo convento que tinham construído na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, a um quarteirão da recém-aberta Avenida Paulista. Por intermédio de Mons. Duarte Leopoldo e Silva, então vigário de igreja Santa Cecília, foi comprado esse terreno nas proximidades da Avenida Paulista, a quase três quilômetros de distância do Largo São Francisco.
Durante o tempo de permanência no Convento São Francisco, cresceu entre os frades a decisão de mudar-se para lugar mais apropriado, pois percebiam que o espaço onde estavam não era tão adequado ao desenvolvimento da Missão, pois faltavam cômodos suficientes para alojar os missionários de passagem e, ademais, como não lhes fora confiada a propriedade, podia ser solicitados a deixá-la em qualquer momento.
Paulo Henrique Silva, assessor de Comunicação